[RESENHA] Série "Os Bridgertons" *CONTÉM SPOILER*

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A série tinha tudo para ser incrível, mas a autora conseguiu estragar com incansáveis repetições nas histórias, cenas sem cabimento e o forte apelo sexual em momentos inoportunos.

O livro da Francesca ("Um conde enfeitiçado", livro 6), por exemplo, do meio para o final se tornou um 50 tons de cinza de época. Os personagens simplesmente perderam a habilidade de falar, só sabiam gemer, e isso me irritou de uma forma que não está escrito. A história era tão linda no início, não me conformo com o que virou.

Fora isso, me incomoda DEMAIS o fato da Julia Quinn SEMPRE estragar os homens da série inventando cenas patéticas que mudam o comportamento deles do nada, tornando-os agressivos sem necessidade.

Anthony, por exemplo. Eu o AMAVA no livro 1, mas a autora conseguiu estraga-lo de um jeito sem volta no livro 2. Ele se tornou um estúpido e, não sei como, ainda se considerava um cavalheiro. 

Tudo o que eu conseguia pensar enquanto lia o livro do Anthony era que nós, mulheres, precisamos urgentemente aprender a parar de romantizar atitudes babacas de homens babacas e parar de nos submeter a isso. Anthony pode ter mudado no final, ter se tornado um bom marido, porém, definitivamente, ele não pode ser chamado de "cavalheiro". Eu posso pensar em inúmeros adjetivos para nomeá-lo pela forma que tratou a Kate e nenhuma deles é "cavalheiro".

Phillip, em compensação, é um "homem fora dos padrões", meio ogro e impaciente, então era esperado que ele fosse babaca, o que não aconteceu. Nem o "ogro" foi tão ridículo como o "cavalheiro" do Anthony. Pelo contrário, Phillip em momento algum, ultrapassou os limites da boa educação e do respeito. Ele tentou ser cavalheiro, apesar de quase sempre falhar por causa de seu jeito bruto/ogro/impaciente/homem do campo. Ele tem esse jeito meio turrão, meio anti-romance, mas é um homem extremamente digno, fiel e leal. Eu facilmente me apaixonaria por ele na vida real.

Outro personagem que com toda a certeza do mundo eu me apaixonaria na vida real é o Colin. Ele é engraçado, intrometido, bobo, ótimo irmão, só quer saber de curtir a vida sem compromisso, mas ama e proteje a sua família acima de tudo. Esse jeito meio irresponsável, mas amoroso me conquistaria (eu tenho uma queda por homens "jogados" que amam a sua família mais que tudo).

Confesso que eu tinha medo de como Julia Quinn contaria a história dele, meu irmão Bridgerton favorito, levando em consideração seu histórico de estragar personagens perfeitos (Simon e Anthony estão aí para provar), porém, para a felicidade geral da nação, Julia Quinn soube fazer uma história encantadora, sem erros. Colin seguiu intocado no título de melhor irmão Bridgerton.

O ponto alto da história foram as Crônicas de Lady Whistledown, uma personagem genial, em minha opinião. Eu amaria morar em uma época com uma fofoqueira como ela.

Se eu fosse a autora, teria explorado mais a Lady Whistledown e teria escrito um livro só sobre as crônicas escritas por ela. Eu aproveitaria para escrever um livro só sobre as viagens de Colin (os livros citados no livro dele) e um último volume contendo as cartas trocadas por Eloise e Phillip, que eu senti falta no livro 5.

Saindo do micro e voltando para o macro, é notável a queda da qualidade dos livros da série desde o primeiro volume até o último. Se pegarmos "O Duque e Eu" (livro 1) e compararmos com "A Caminho do Altar" (último livro), parece que a autora perdeu o tesão em escrever a série e só escreveu qualquer lorota porque tinha que terminar a série. Não vi criatividade, não vi inovação, não vi cenas únicas que me fizeram perder o fôlego. Vi mais do mesmo. Uma série de clichês jogadas para escrever uma história – que poderia facilmente ser um dramalhão mexicano ou uma novela da rede globo por causa de suas cenas absurdamente dramáticas/ridículas/forçadas/clichês.

Alguns livros da série eu olho e penso: como Julia Quinn pode olhar para esse desenvolvimento ridículo e gostar?

A minha raiva é tanta que não pretendo nunca mais comprar outro livro dela. Todas as histórias começam bem, lindas, mas a autora insiste em fazer uma cagada master e estragar todo o trabalho.


Daqui algum tempo pretendo reler os livros para ver se a história é ruim mesmo ou se eu que não aguentava mais a série e não via a hora de terminar, por isso detestei tanto. Vamos ver.


OBS. Acho interessante ver como minha visão sobre a série mudou. Quando eu li pela primeira vez, em 2013, eu me apaixonei perdidamente pela série. Eu panfletava e recomendava para todo mundo. Hoje, com 21 anos, minha visão foi completamente diferente. Problematizei cenas que com 13 anos eu não fazia ideia de quão problemáticas eram; além, é claro, de ter amadurecido, ter conhecido o feminismo, o empoderamento feminino e não aceitar me submeter a certas atitudes de maneira alguma. Vamos ver se daqui alguns anos a minha visão será mais ferrenha que dessa vez ou se será mais tranquila.


| Os 9 livros da série foram relidos entre os dias 31/12/20 e 12/01/21.

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