Vinte sempre foi o meu número da sorte


Quatro de novembro. Seis horas e dezessete minutos. Ele postou uma foto reclamando da previsão do tempo - pelos próximas 10 dias choveria.

Eu respondi que isso era Deus obrigando os universitários a focarem na faculdade nessa reta final de semestre ao invés de sair. Ele respondeu que não gostava de chuva e começamos a conversar.

Era a nossa primeira conversa.

Já tínhamos nos visto na faculdade, mas nunca tínhamos falado com o outro.

Ele foi sincero. Ele foi respeitoso. Ele foi mente aberta. Ele se abriu para mim e me mostrou o seu universo, mesmo sendo a nossa primeira conversa.

Ele me contou sobre sua família, suas manias, seus sonhos, sua trajetória.

Ele me fez imaginar o que era fazer parte da sua vida - e, naquele momento, eu desejei fazer parte.

Conversar com ele foi como ler poesia. Ele tem uma leitura muito legal do mundo, é uma delícia ficar o ouvindo falar.

Tudo o que ele fala vira poesia.

Ele de longe foi o cara mais interessante que conheci nos meus 20 anos. Uma pena termos nos conhecido só agora, quando ele está há 20 dias de se mudar para outro estado.

Vinte sempre foi o meu número da sorte, dessa vez foi o oposto.

Vinte era a quantidade de dias que eu tinha para aproveitar a companhia dele, antes de ele ir embora.

Vinte se tornou um número triste - e, assim como ele não gosta de chuva, eu deixei de gostar do número 20.


| 4 de novembro de 2019 |

Comentários

Postagens mais visitadas