Quando o coração se tornou o novo capitão


Eu sempre fui muito racional. Sempre senti com a cabeça e não com o coração, mas aí você chegou com esse jeito seguro e sorriso de lado, como quem não queria nada, e se tornou o centro de tudo em minha vida. Meu corpo entrou em curto circuito e minha cabeça não funcionava mais, o coração era o novo capitão.

Eu vivia guerras internas. Eu tentava reanimar meu cérebro, mas ele estava anestesiado, então o novo capitão, que sempre tinha sido o co-capitão, tinha que tomar frente e isso era um grande problema. O mais novo capitão era uma criança levada, travessa e impulsiva. Ele era o extremo. Oito ou oitenta. Frio ou calor. Bom ou ruim. Amor ou ódio. Ele era intenso e isso me preocupava. Pessoas rasas não costumam entender pessoas intensas e eu tinha medo de você ser raso.

O cérebro estava anestesiado, não conseguia voltar a tomar o comando de tudo, mas ele ainda sabia que aquilo podia dar muito errado. Ele ainda tinha noção que deixar o coração como capitão não tinha como dar certo. O coração era ingênuo, deixava-se enganar muito fácil, ficava balançado por qualquer coisa. Pessoas assim não sobrevivem nesse mundo, por isso o cérebro era o capitão. Mas o coração era o novo capitão e agora tínhamos que dançar conforme a música dele.

Logo nos primeiros momentos vi a diferença. Meu corpo estava estranho, eu sentia umas coisas esquisitas dentro de mim. Parecia que eu ia explodir. Eu não entendi o que eu sentia. Eu queria gritar, queria arrancar aquele sentimento estranho de dentro de mim. Eu estava ansiosa, inquieta, nauseada, com a barriga se remexendo e os olhos procurando por algo. Foi aí que eu entendi: era amor. Eu estava experimentando o amor.

Aí não teve mais jeito, todas as minhas sirenes internas soaram e o coração falou "capitão, nós falhamos".

O amor é isso. É algo incontrolável, que nos foge a razão. É algo que nos tira o chão e nos deixa confusos.

Amar mata, mas também salva. 

Se você puder correr, corra, mas se não puder, experimente-o e viva-o intensamente. Ele faz milagres.


| 15 de março de 2019 |

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