#DiárioDaFaculdade: faculdade em São Paulo x faculdade em Porto Alegre #7


Em 2 anos comecei 2 faculdades diferentes em 2 cidades diferentes. Coisas como curso, cidade, campus universitário, momento, pessoas, amizades, moradia, temperatura e rotina, influenciaram diretamente na vivência que tive em cada faculdade.

São Paulo e Porto Alegre são duas cidades completamente diferentes, com prós e contras, e justamente por querer entender melhor a dinâmica das duas cidades, entender como as coisas funcionam, gosto de comparar. Não faço isso por mal, com a intenção de só criticar Porto Alegre ou só criticar São Paulo, faço porque eu gosto de conhecer e entender os costumes locais de onde eu moro, até para eu não sair falando besteira ou ir julgando sem saber o porquê daquilo. Infelizmente, nem todo mundo consegue entender isso e encara como uma crítica à Porto Alegre ou à São Paulo.

Em São Paulo, eu estudava Jornalismo, a minha sala tinha 60 alunos, eu tinha 2 aulas por dia, de segunda à sexta-feira, no período da manhã (entrava às 7h30min e saia às 11h50min) e o campus universitário era vertical* e bem pequeno -  eram 2 prédios: o prédio velho e o prédio novo (assim que eles eram chamados). Havia uma praça de alimentação com 2 lanchonetes e 1 restaurante, mais 2 lanchonetes fora da praça de alimentação. Xerox tinha uma principal e uma em cada C.A. (centro acadêmico).

*A construção vertical representa totalmente o que é São Paulo. SP é uma cidade com 16 milhões de habitantes, toda ocupada, ela não tem mais espaço para crescer, então a solução é crescer para cima, verticalmente - e aproveitar cada milímetro de espaço existente.

Já em Porto Alegre, estudo Arquitetura e Urbanismo, cada matéria faço com alunos diferentes, de semestres diferente (não tenho uma "turma fechada"), então o número de alunos por aula varia de 12 à 60; tenho 2 aulas por dia, de segunda à quinta-feira, no período vespertino e noturno (entro às 14h e saio às 19h), e o campus é uma cidade universitária (construção horizontal*) - são 50 prédios. Em cada prédio há lanchonete, restaurante e várias máquinas de café e comida. Xerox tem em todos os prédios também.

*A construção horizontal representa bem Porto Alegre. POA é uma cidade que não teve problema com falta espaço na sua criação (e continua não tendo), por isso todo seu crescimento foi (e ainda é) horizontal, e não, vertical. O problema disso é que a cidade se torna muito extensa, as coisas ficam muito longe uma da outra, tornando os seus habitantes reféns de carro ou transporte público, o que não é nada sustentável.

Em São Paulo, eu não sentia que eu me encaixava na faculdade e no meu grupo de amigas. Eu sentia que a todo momento eu tinha que lembrar que eu estava ali e que eu tinha o meu valor. O que "segurava as pontas" era o fato de eu estar em São Paulo, a cidade que eu mais amo no mundo. Eu podia sentir que não me encaixava no curso e no grupo de amigos, mas era só eu andar por São Paulo que eu me sentia bem. Eu era muito grata por estar ali, vivendo o meu sonho. 

Já em Porto Alegre, eu sou o centro das atenções, o meu grupo de amigos (que já amo muito) só se formou por minha causa. Todo mundo se ama, todo mundo se apoia. Eu não preciso ficar lembrando que eu existo, não sinto rejeição, não sinto que sou deixada de lado, não sinto que não sou importante, pelo contrário, eu me sinto muito querida e faço de tudo para todo mundo se sentir assim também; e justamente por ter conhecido essas pessoas tão queridas que todo o resto se encaixou - faculdade e cidade. Antes de estar com esse grupo eu não estava tão animada com a faculdade, mas depois de conhecê-los me empolguei demais, meio que "tomei um gás". O mesmo aconteceu com Porto Alegre, a cidade. Estou adquirindo um carinho imenso por POA por causa dessas pessoas que fazem a minha vida aqui ser incrível, e, por causa deles, não troco mais Porto Alegre por São Paulo. (Só quem me conhece sabe do peso dessa frase.)

Em São Paulo, eu não tinha provas tradicionais (aquelas com pergunta e resposta), as avaliações eram feitas de outras formas (textos, vídeos, fotografias), até porque eu fazia Jornalismo, não tem como fazer uma prova tradicional. Só em literatura que eu tinha prova tradicional, com pergunta e resposta, mas era porque era literatura.

Aqui em Porto Alegre, eu tenho prova tradicional das matérias de cálculo (física, matemática, geometria descritiva e desenho geométrico) e avaliação prática (maquetes e projetos) nas matérias "mais de arquitetura" (arquitetura do século xx, arquitetura sustentável, expressão e representação I [aula de desenho], introdução à arquitetura [aula de maquete e projeto]).

De tudo o que vivenciei em SP e em POA, acho que a maior diferença na estrutura da faculdade é que em Porto Alegre os professores dão aula de verdade, diferente de São Paulo, que ou os professores não davam aula ou fingiam que davam e os alunos fingiam que aprendiam alguma coisa. Era muito frustrante.

De longe, a minha experiência em Porto Alegre está sendo melhor que foi em São Paulo, por todos os motivos que citei ao longo do texto e resumi no 1º parágrafo "Coisas como curso, cidade, campus universitário, momento, pessoas, amizades, moradia, temperatura e rotina, influenciaram diretamente na vivência que tive em cada faculdade."

Porto Alegre foi uma boa surpresa.



Para ler os posts mais antigos da série "Diário Da Faculdade" clique aqui, digite na caixa de buscas do blog "diário da faculdade" ou copie esse link -> http://susansmof.blogspot.com.br/search/label/diário%20da%20faculdade <-

Comentários

Postagens mais visitadas